Com 31 anos de estrada, carango colombiano chama a atenção no Maracanã

Cassio Zirpoli
Enviado especial

Rio de Janeiro - Longe dos atuais padrões de design, o carrinho está cansado. Já rodou dezenas de milhares de quilômetros em todos os tipos de estrada no continente e já teve inúmeros proprietários. Os atuais não fazem nem ideia da quilometragem total, mas garantem: dá pra confiar no motor. Todo paramentado para o Mundial, o Renault 4, fabricado em 1983, chegou neste sábado ao Rio, numa viagem desde Chiquinquirá, no norte colombiano. A bordo, os amigos Daniel Rincón, 29 anos, Jeni Avendaño e Roger Zambiano, ambos de 24.

O carro de placa NVI-SS4 chamou a atenção do público na frente do Maracanã. Até mesmo de policiais, que após alguns minutos de muitas fotos dos torcedores presentes, pediram para o veículo ser retirado, pois estava no perímetro de segurança. Nada que, por um segundo, tire a empolgação do trio colombiano. Na viagem, passando por Acre, Rondônia, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, entre outros lugares, os torcedores - que, frise-se, não têm nem ingressos para os jogos - foram ajudados por brasileiros.

"A gente veio com alegria e encontrou a mesma coisa aqui. Muita gente nos ajudou nesse tempo todo, com café da manhã, dinheiro para gasolina e até uma pousada, num gesto de uma professora", contou Roger, seguindo com uma grave reclamação sobre infraestrutura, bem conhecida dos brasileiros. "Passamos por algumas estradas no país sem condições, o que só mostra que esse carro era o ideal, porque ele está inteiro", disse, ainda assim esbanjando bom humor.

Em cima do possante, colocaram tudo o que puderam trazer para acampar, com barracas, utensílios etc. "O ideal era ver o jogo (Colômbia x Uruguai, neste sábado), claro, mas só de estar aqui, com essa gente tão boa, já nos diverte esse Mundial. Ver a Colômbia dando show, na televisão, com os brasileiros ao lado gostando, é demais", falou Daniel, sem esconder o orgulho pela campanha de sua seleção, com três vitórias na primeira fase e de volta às oitavas de final após 16 anos.

Já são oito dias na estrada, acompanhando a Copa do Mundo de 2014 na base do improviso. E assim será no longo caminho de volta, em breve, confiando sempre no Renault 4. É assim desde o primeiro dono do carango, no já distante ano de 1983.