Possíveis classificações de Argélia e Irã farão com que jogos coincidam com jejum islâmico

Cassio Zirpoli
Enviado especial

Rio de Janeiro - O Ramadã é o período de reflexão espiritual dos muçulmanos, no qual praticam o seu jejum ritual. O nono mês do calendário islâmico, no qual acredita-se que Maomé recebeu os primeiros versos do Alcorão, começará em 28 de junho, seguindo por 30 dias. Ou seja, será iniciado paralelamente às oitavas de final da Copa do Mundo de 2014. A relação é direta e precisou ser estudada pela Fifa, com possíveis reflexos na competição.

Dos 32 países participantes do Mundial, três têm maioria islâmica (Irã, Argélia e Bósnia) e outros dois (Costa do Marfim e Camarões) tem boa parte de suas populações na mesma religião - fora jogadores de outros países, como França e Alemanha, por exemplo, também com a crença. Teoricamente, os atletas das equipes precisarão jejuar no período. E até três seleções muçulmanas têm condições de disputar a fase eliminatória do torneio. Argélia, Irã e Costa do Marfim (esta com 38% do país) seguem na briga. Como seria o cumprimento do Ramadã no período? No ritual, o jejum diário é quebrado somente após o pôr do sol, no mesmo horário de várias partidas, iniciadas às 17h.

O professor Jiri Dvorak, chefe do escritório médico da Fifa, afirma que dois estudos médicos já foram publicadas neste sentido, que costuma ocorrer a cada dois anos, num revezamento entre Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. "Duas publicações apresentadas na Tunísia e na Argélia chegaram à conclusão de que se o Ramadã for seguido corretamente, não ocorre uma redução no desempenho físico", afirmou o médico, nesta segunda-feira, numa conferência no Maracanã.

Os testes foram feitos, inclusive, na Argélia, que no domingo venceu a Coreia do Sul por 4 a 2, no primeiro triunfo do país no Mundial desde 1982. "Fizemos esse estudo com a Argélia e está tudo bem. Os jogadores que seguem (o Ramadã) também têm a possibilidade de solicitar a isenção e realizá-lo num momento mais apropriado. Nos Jogos de Londres (2012) também tivemos a mesma questão, que é muito importante para nós", comentou Dvorak.