RIO DE JANEIRO

De Moscou ao Maracanã, a barreira linguística

Casal russo viaja ao Rio para a Copa, mas esbarra na sinalização da Copa

postado em 19/06/2014 17:39 / atualizado em 01/07/2014 17:30


Cassio Zirpoli
Enviado especial

Rio de Janeiro - Um simpático casal de meia idade caminhava na calçada da Avenida Pausa Sousa apressando o passo. A chuva onipresente no Rio nesta quinta-feira não estava prevista para os dois. Nas sacolas plásticas, água mineral e alguns biscoitos. Queriam passar o dia na região, próxima ao Maracanã. A chuva atrapalhou, mas complicado mesmo estava conseguir uma informação. Oleg e Olga Fedorenko são russos. Vieram, claro, por causa da Copa do Mundo, mas sem uma segunda língua. A estrutura do Mundial de 2014 é feita a partir de três idiomas: português, espanhol e inglês. Não era o caso para os dois turistas, os primeiros de uma leva.

Abordados pela reportagem, pareciam caminhar até a estação de metrô de São Cristóvão, mais à frente. Talvez nem eles soubessem. Queriam ajuda. A sinalização do estádio não tem um perímetro tão longo. "Maracanã", disse Olga, cheia de gestos, apontando para o estádio, ainda ao fundo. Semblante feliz só por ver de fora. Sério, como preza o estereótipo russo, Oleg vestia uma camisa com a bandeira do país. Sinalizou positivamente a uma pergunta sobre ingresso - após mostrar para ele o bilhete dado aos jornalistas, visualmente parecido com o do público geral. A origem do casal? Moscou. Escreveram no caderno de apuração.

Eles estão na cidade para o primeiro jogo sem uma seleção sul-americana em campo. No domingo, mais de 40 mil argentinos foram ao Mário Filho. Na quarta, invasão semelhante dos chilenos, mas de menor quantidade. Desta vez, num horário indigesto, às 13h, os russos enfrentarão a técnica equipe belga. A sinalização não deve sofrer alteração, tendo os painéis em inglês como chave para os torcedores de fora da América.

Difícil saber para onde a família Fedorenko, que significa "presente de Deus", estava indo. Certeza, só a presença do casal no Maracanã. Na verdade, ainda há outra certeza. A de que um desencontro assim deve se repetir em 2018. Afinal, a Copa do Mundo será na Rússia, novamente num país continental e com doze estádios. No entanto, será numa nação cujo alfabeto, apenas para citar um exemplo, tem uma escrita diferente, no formato cirílico. Será a vez dos Silva, Souza, Costa e Santos caminharem sem um destino aparente...