Carreata
Torcida mostra porque o Santa Cruz se considera o time mais amado do Nordeste
postado em 22/05/2011 12:19 / atualizado em 24/05/2011 15:28
Esqueça o famoso refrão de samba composto por Jorge Aragão que diz "Você pagou com traição a quem sempre te deu a mão...". A onda neste domingo foi cantar músicas populares com, digamos, uma nova roupagem. A frase acima ficou assim: "Você marcou meu coração, tricolor da multidão...". Pois é, na carreata da vitória do Santa Cruz, irreverência é lei. Impossível mensurar o número de torcedores que estão da comemoração uma vez que, além dos quase quatro mil carros que acompanharam os trios, tem muita gente de moto, bicicleta, a pé e até de ônibus de linha acompanhando o percurso. Fora que, em diversos pontos do roteiro, os tricolores preferem ficar em mesas posicionadas em frente a suas casas e prédios. Mas, mesmo assim, marcando presença e provando que o time coral tem motivos para se acreditar o mais amado do Nordeste.
A turma de amigos Luciano Burgos, Marcelo Santa, Ferdinando e George D'Angêlo e Algêlo Silva estavam entre os primeiros torcedores a iniciarem o aquecimento da carreata, que foi às 9h, no estádio do Arruda. Para ajudar na festa, trouxeram uma homenagem particular: um fusquinha conversível todo pintado com as cores vermelho, preto e branco. "Nosso objetivo é mostrar que estamos com o Santa em todas as horas", explicou Luciano. Segundo ele, a pintura foi feita na noite do último sábado, na correria, mas o esforço valeu a pena. "Pelo Santa, tudo!".
Outro que prestou sua homenagem na carreata foi o gastronomo Júlio César Guerreiro. Sim, o sobrenome também é um tributo à equipe coral. Júlio acordou às 7h da manhã para se fantasiar de um soldado romano. Mas se engana quem pensa que o esforço foi só uma brincadeira. "Minha fantasia é um símbolo do que foi a campanha do Santa dentro do Campeonato Pernambucano. Ninguém acreditava na gente, mas provamos que somos um time guerreiro, que sabe ir à luta e, o melhor, somos uma equipe que chega na vitória na hora certa", completou.
E as mulheres também resolveram aparecer na festa. Dona Beatriz Amparo, 69 anos, foi um bom exemplo disso. Torcedora há mais de 40 anos do time tricolor, Dona Beatriz foi andando de sua casa, que fica no bairro de Beberibe, até a concentração carreata, no Arruda. "Compartilhei com o Santa momentos muito difíceis, agora, quero um pouco de alegria também. A gente merece", reforçou. Ivonete Santana, outra torcedora que também esteve na carreata aproveitou o evento para "provar" às mulheres pernambucanas que a torcida do Santa respeita as fãs femininas do time. "Tem muita mulher que tem medo de vir para estádio, de acompanhar a equipe, mas, aqui no Arruda, somos um povo da paz".
Bem, o sucesso da carreata deste domingo, que não teve nenhuma briga ou confusão registrada, pode ser uma prova que as torcidas pernambucanas estão mais conscientes de que violência e futebol não combinam. Deu até para as crianças aproveitarem a festa. Kaun Pierre, de cinco anos, pintou o rosto, subiu no pescoço do pai, Kléber Silva, e foi para as ruas. "O Kauan nasceu com o brasão do Santa no coração. Ele que pede para vir para o estádio, fica brigando com os rubro-negros na rua e quer comprar tudo que é tricolor. Até com febre ele ficou na final". Pelo estado de animação que a torcida coral mostra este domingo, parece que essa febre não atingiu só o Kauan.